Blood Feast (1963) - H. G. Lewis

Este filme possui uma história bem fraquinha, onde tudo é pretexto para que um mar de sangue e visceras espirre na tela, sangue bem vermelho neste filme que é o pioneiro em mostrar sangueira no cinema. Clássico do Gore.
O filme conta a história de um maníaco que passa a matar mulheres e sempre retira um pedaço do corpo de suas vítimas. Ao mesmo tempo uma mulher contrata um serviço de buffet para uma festa de aniversário com um tema exótico. O que ela não sabe é que o homem que ela contrata para o buffet é na verdade o assassino que planeja tornar a festa num banquete a uma deusa egípcia da morte, onde o prato principal são os pedacinhos das pobres moças.
Em uma das cenas, o maníaco assa uma perna no forno e ela sai tostadinha... rsrsrsrs Em outra cena, o cara mata uma mulher em uma banheira com uma facada no olho e corta a sua perna, por mais que ele tenha desferido vários golpes na pobre donzela, a sua faca continua limpinha.
As atuações são péssimas, a história não convence e os figurinos são bizarros assim como os cenários, o que torna este filme até engraçado e divertido.





Download do filme legendado

Aspargus (1979) - Suzan Pitt

Exibido antes da exibição de Eraserhead de David Lynch, esta animação conta a história de uma mulher que vê aspargos em todos os lugares e também através de sonhos, onde as imagens levam a crer que aqueles devaneios possuem na verdade uma conotação sexual implícita. Este curta é excelente, os traços são ótimos, as imagens psicodélicas e surreais são fantásticas, destaque para os letreiros com o nome do filme que são defecados e que saem da privada formando o titulo.




HQ - Histórias em Quadrinhos (1969) - Rogério Sganzerla

O universo da cultura pop sempre esteve presente no ciclo de filmes do cinema marginal, nas músicas, nos letreiros, roupas, falas.
Neste curta-metragem de 10 minutos, o cineasta Sganzerla, em seu segundo filme, explora o universo das páginas do quadrinhos, contando a história e a evolução das HQs, dos grandes personagens como Flash Gordon e Tarzan, até os primeiros exemplares publicados no Brasil no inicio do século passado.
Sganzerla usa da técnica quadro a quadro, table top, linguagem própria dos quadrinhos.
Filme didático produzido com a colaboração de Alvaro Moya, fanático pelo assunto.
Adorei saber que as espaçonaves presentes nas HQs de Flash Gordon inspiraram a NASA na formulação dos foguetes.

Mais um desenho feito em folha de caderno. Ainda não pensei em um título, mas mesmo assim não me contive em coloca-lo aqui. Essa minha mão que não pára de querer ficar fazendo as coisas... 




Dalí Pop

Dalí é um dos grandes ídolos pop de nosso século, seus bigodes e suas obras entraram para nosso imaginário. Em um comercial para uma guloseima francesa em 1969, o pintor dizia: "O chocolate Lanvin me deixa louco!" com os olhos arregalados e os bigodes levantados.


Destino (2003) Salvador Dalí e Walt Disney



Esta animação surrealista é uma parceria inusitada porém brilhante do pintor catalão Salvador Dalí e o mago dos desenhos animados Walt Disney.


A idéia principal do filme foi concebida a partir da música do compositor Armando Dominguez intitulada "Destino" que iria fazer parte de um documentário em homenagem ao pintor, mas a idéia acabou não sendo desenvolvida o que fez com que as centenas de cenas, desenhos e imagens ficassem guardadas e esquecidas por muitos anos.


O filme é uma pérola de raro esplendor, que enfim conseguiu ser finalizado 58 anos depois de seu projeto ter sido iniciado. Em 2003 os produtores Roy Disney e Baker Bloodworth deram acabamento final ao curta seguindo os esboços deixados por Dalí.


A história de amor de Chronos por uma bailarina, que dança em imagens oniricas de grande beleza, verdadeira viagem pelo universo surrealista de Dalí. As imagens são fascinantes como na impressionante seqüencia onde duas cabeças bizarras de humanóides com corpos de tartaruga, se encontram e de sua sombra surge a imagem de uma bailarina, sua cabeça se transforma em uma bola de beisebol que desaparece em meio a uma paisagem lúdica, repleta de montanhas.



Puro Teatro

Sempre fui uma pessoa dramática e exagerada, nada pra mim passa ligeiro e tudo acaba em algo que vou lamentar e melodramar bastante ou então em algo que farei bastante estardalhaço por ser bom demais.

Os filmes de Pedro Almodóvar com fotografias berrantes e personagens exagerados e melodramáticos me fez ter total empatia e identificação com este universo único, talvez seja o temperamente latino.

Tenho na sala da minha casa um cartaz do filme "Abraços Partidos", último filme do diretor, que mais uma vez conseguiu me emocionar. A cena que estampa o cartaz é um momento lindo onde a personagem vivida por Penelope Cruz é jogada da escada em uma bela seqüência inspirada em Alfred Hittchcock.

Um dos elementos mais fascinantes dos filmes de Almodóvar além de suas cores e de seus personagens é a trilha sonora, aquelas melodias, tangos e boleros, conseguem transmitir todo o clima melodramático, sofrido e barroco de suas histórias.

No último fim de semana, encontrei pelos downloads da vida um CD com canções dos primeiros filmes de Almodóvar chamado "Las Canciones de Almodóvar" e um dos temas que mais me comoveu por seu exagero e dramaticidade foi a canção "Puro Teatro" do filme "Mulheres a beira de um ataque de nervos" na interpretação da cantora cubana La Lupe.




Como sou um incansável pesquisador e garimpeiro virtual, acabei chegando ao disco da cantora e descobri nele músicas muito boas. Considerada uma das rainhas da salsa e do "latin soul" nos anos 60, La Lupe ficou conhecida pelos gritinhos inconfundíveis e por ser um verdadeiro diablo no palco, com uma vida cheia de altos e baixos que poderia muito bem ser uma história de Almodóvar. Muitos podem pensar que a aura Almodóvar em volta dessa musicalidade acrescente algo mais ao imaginário de um cinéfilo como eu, mas a voz dessa cantora me deixou comovido de verdade, por mais cafona que pareça.

O My Space dela é repleto de informações e com um visual bastante carregado. Disponibilizei para quem se interessar o CD "The Best of La Lupe" que contém suas principais canções.




Lúcifer Rising (1973) - Kenneth Anger

Contrariamente ao que transmite a cultura popular de tradição cristã, Lúcifer é o “portador da luz”, uma divindade luminosa na antiguidade clássica, a estrela da manhã para os que se orientavam pelos astros ou aquele que revelou o verdadeiro conhecimento aos homens, denunciando as do falso deus segundo algumas culturas. Desenvolvimento dessas idéias expressos em imagens corridas em ritmo de videoclip, este filme possui imagens fantásticas do Egito e uma trilha sonora não menos linda. Anger consegue sempre mostrar em seus filmes, sem um único dialogo suas idéias, explorando formas originais de se pensar o mundo. Um dos realizadores mais importantes do cinema experimental, a estética de Anger influenciou toda uma geração, principalmente a geração MTV. O próprio Anger participa como ator neste filme, no papel de Lúcifer. O diretor desenvolve suas alusões à filosofia de Aleister Crowley que é frequentemente associada ao satanismo, o que acabou provocando a proibição do filme nos EUA por muitos anos. Porém diferente do que muitos pensam, o filme não faz nenhuma menção ao imaginário cristão, direcionando suas idéias somente aos deuses egípcios.



Lúcifer a solta em Holywood por Jefferson Wille Kielwangen

Oscar Wilde costumava afirmar que a pureza e o valor da arte são inversamente proporcionais ao desejo do artista de agradar, seja ao público ou à crítica. Nesse sentido, quanto mais pessoal e subjetiva a obra, maior o seu valor artístico. Longe de mim querer convencer o leitor da veracidade dessa afirmação; deixemos que os acadêmicos resolvam essas questões profundas. Quero, entretanto, aproveitar o critério de Wilde para falar de um cineasta que certamente nunca tentou agradar ninguém com seus filmes.


Kenneth Anger cresceu em Hollywood, literalmente às margens da maior indústria cinematográfica do mundo, para se tornar um dos pioneiros do cinema experimental americano. “Sou mais um poeta do que um vendedor, por isso nunca tentei fazer parte da indústria do cinema comercial”, garante o excêntrico diretor. Começou a ganhar visibilidade a partir de 1950 com seus curtas polêmicos, repletos de sexo e violência. Num primeiro momento, o público indignado reclamou apenas do eventual homoerotismo. Logo, porém, veio a tona o forte teor subversivo de Anger, com suas frequentes alusões à filosofia de Aleister Crowley, denominada Thelema e frequentemente associada ao satanismo.

Apesar dos temas polêmicos, não é fácil rotular o trabalho de Anger. Não há falas; todos os filmes são como longos videoclipes, muito bem editados, antevendo o estilo que hoje em dia é marca registrada das vinhetas da MTV. Grande parte deles é quase incompreensível aos não-iniciados nas artes ocultas, coisa que o diretor não parece considerar um problema, visto que nunca fez nenhum esforço para ser melhor compreendido. Defeito ou virtude, egotrip ou genialidade? Que cada um decida por si, assitindo aos filmes.
22/04/08
Moderador
Um título particularmente interessante é Scorpio Rising, de 1964. Nele vê-se jovens motoqueiros nazistas limpando suas motos e participando de orgias homossexuais, culminando em uma tímida mas perturbadora cena de estupro seguida de acidente automobilístico mortal. "Foi um final perfeito para Scorpio Rising," explica Anger, "porque o signo de escorpião refere-se a sexo e morte, e também rege as máquinas – porque os órgãos sexuais são as máquinas do corpo humano.”

Invocation of my demon brother, de 1969, conta com a inusitada participação de Mick Jagger na trilha sonora. Anger filma um ritual de magia cerimonial e faz referências a uma conhecida obra de Aleister Crowley, Moonchild.

Em Lucifer Rising, de 1973, o próprio Anger participa como ator, no papel de Lúcifer, sugerindo uma visão thelêmica de Lúcifer como um deus da luz, diferente do inimigo malévolo pintado pelo cristianismo. Lógico que esse tipo de idéia incomodou muita gente: o filme foi proibido nos EUA durante muitos anos. Contrariando as expectativas, Lucifer Rising não faz referências ao imaginário cristão, restringindo-se aos antigos deuses egípcios.



Indigesto, surreal e subversivo, Kenneth Anger é perfeito para iniciar essa coluna, que trata, afinal, da marginalidade no cinema. Seus filmes influenciaram diretores como John Waters e David Lynch, entre outros. Longe de meras provocações, seus filmes são experiências estéticas e narrativas que não devem ser ignoradas. Infelizmente, não se encontram para alugar em nossas locadoras, e é muito improvável que algum dia venham a passar na televisão. Aos curiosos, só resta importar os filmes via amazon.com (apenas VHS – ainda não existe em DVD), ou baixá-los de graça via Kazaa ou Emule.

Um chant d'amour (1950) - Jean Genet

Único filme dirigido pelo escritor Jean Genet, esse filme mostra a relação de dois presos que estão cada um em uma cela. Enquanto os dois tentam algum contato, o policial voyeur observa os presos se masturbando. Filme muito inovador dirigido em 1950, abordando o homoerotismo de forma reveladora. As imagens dos corpos masculinos são lindamente exploradas. Segue o vídeo tirado do Youtube.







Coffy (1973) - Jack Hill


Este é com certeza um dos melhores filmes do subgênero blaxploitation que eu já assisti até agora.
A estonteante Pam Grier está no auge de sua beleza e sensualidade e o roteiro do diretor Jack Hill é excelente, não deixando o filme cair na mesmice, rendendo cenas sensacionais.
Coffy é uma sensual enfermeira que já nos primeiros minutos do filme, explode a cabeça de um gigolô, pego com as calças na mão. Depois vamos ver que Coffy está na verdade vingando sua jovem irmã, que caiu no mundo da drogas.
A sede de vingança da heróina vai abranger a todos os traficantes da face da terra, como ela mesmo diz, depois que um afeto seu do passado, um policial, é espancado até quase a morte.
Ela se disfarça de prostituta e conhece King George, um cafetão que veste umas roupas muito berrantes e que mais tarde é morto sendo arrastado por um carro.
A luta dela com as outras putas funcionárias de King George é ótima, com direito a muitos socos e pontapés e até gillete no cabelo, armadilha escondida em seu black.
Ao final, Coffy quase é rendida pela cantada de um dos seu desafetos, que na verdade é seu ex amante, mais quando percebe que ele esta com um loira no quarto, mete bala em cima.
Feminista, poderosa e gostosa mais sem perder a ternura, Coffy é uma heróina que luta pela verdade, e que não deixa de usar atributos sexuais para conseguir o que quer.
A trilha sonora é excelente como em muitos filmes blaxploitation, cenas eletrizantes conduzidas com o melhor do soul.


Eu quero um óculos do Chico Xavier

Ainda falando de Chico Xavier, a coisa do ídolo pop que ele se transformou fez a produção do filme criar alguns cartazes muito legais explorando a peruca e os óculos, e eu quero demais u8m óculos daquele. O primeiro foi escolhido como oficial, e os outros estão postados abaixo.




Psicografias


Ando meio sem sono e a noite me surgem umas vontades... na onda de Chico Xavier, minha mão tem poder sobre meu corpo e começa a desenhar umas besteiras, compartilho pela primeira vez minhas psicografias.



Este desenho feito em folha de caderno, desenhado com caneta e colorido com lápis de cor eu batizei de "Parideira: Juntando as Beira".




"Peitcholas"

Conforme eu for realizando novas gravuras vou postando aqui pra galera....





A primeira vez que vi a saída lateral do cinema se abrir

Acabei de chegar de uma sessão lotada do filme "Chico Xavier" pensando em várias coisas. Não vou fazer análise desse filme e muito menos do poder que o diretor Daniel Filho tem tido em lotar os cinemas. Vou falar da emoção que senti ao ver a sala de cinema lotada para assistir um filme brasileiro. Mesmo com tanta coisa que me faz desanimar, continuo acreditando em nosso cinema. Sempre li teóricos de cinema, Glauber Rocha e Sganzerla sempre estiveram entre meus diretores preferidos, acho a linguagem cinematografia fundamental. Porém hoje pela primeira vez, me despi totalmente de todos os meus conceitos ao ver aquela sala lotada, as cadeiras ocupadas, senhoras, crianças, adolescentes, famílias inteiras, todos para assistir o filme sobre um médiun mineiro que psicografava cartas do além no interior de Minas Gerais.

Pela primeira vez eu vi a porta lateral do Cinearta Palace ser aberta para o público sair, quando os créditos com imagens reais de Chico Xavier ainda passavam na tela. Seria um sonho que nosso cinema sempre tivesse esse público e que aplaudissem no final como vi hoje. Quando olhei aquelas pessoas fiquei pensando, tomara que elas voltem quando passar um filme brasileiro bom como "Luz nas Trevas - A Revolta do Bandido da Luz Vermelha" continuação do clássico marginal de Rogério Sganzerla, se ele por aqui passar.


Me lembrei de uma esquete super divertida da "Terça Insana" com a personagem da Grace Gianoukas, Xica da Silva Xavier.






André Luiz Oliveira II

A Fonte (1972)

O cineasta de Meteorango Kid é um grande nome da cena pulsante do cinema que vem do Nordeste nos idos de 1970.
Neste filme, o cineasta acompanha o artista Mario Cravo Jr. na concepção, projeto e finalização do monumento Fonte da Rampa do Mercado, presente no Mercado Modelo em Salvador.
Construído de forma não linear, este curta possui belas imagens com uma fotografia que compõe um interessante espetáculo visual com uma trilha sonora tropicalista repleta de acordes de guitarras.
Bonita homenagem de André Luiz ao trabalho do artista Mário Cravo Jr que era amigo do cineasta.


André Luiz Oliveira



Doce Amargo (1968)

A história de um vendedor de pirulitos pelas ruas de Salvador, o filme acompanha seus caminhos, mostrando também suas angustias internas.
Em dado momento, sob uma carroça, surge a frase "o amor é que nem pirulito, começa no doce e acaba no palito...", as imagens se alternam, fazendo com que o espectador não identifique o que é real e o que é imaginário.
Primeiro filme dirigido por André Luiz Oliveira, representante baiano do cinema marginal, este curta reflete sobre questões que seriam recorrentes na trajetoria artística do cineasta como a crítica aos costumes da burguesia.
Em outra cena, o vendedor é atacado por alguns representantes da classe média conservadora: como padres e policiais.
O personagem vaga por Salvador e termina a fita encontrando o mar, redenção para suas angustias?
Doce Amargo, me fez pensar em muitas coisas, do título que abre margem pra várias interpretações, como nas referencias expressas em cada plano. Para ser assistido com os olhos atentos e a mente aberta.



Nunca conheci quem tivesse levado porrada




O último filme que eu vi, "Nossa vida não cabe num Opala" em uma das cenas, a trilha sonora do filme relembra a música de Arrigo Barnabé para o filme "Cidade Oculta". A frase de uma das músicas, me remeteu a Álvaro de Campos em uma das primeiras poesias a me deixar verdadeiramente comovido, digno do melhor heavy metal compartilho com vocês esses versos do mais punk dos heterónimos de Fernando Pessoa.






Poema em Linha Reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.


O cinema falado é o grande culpado

Na verdade eu queria um vídeo da Aracy de Almeida cantando essa música, mais como não achei vai essa mesmo com a Thalma de Freitas junto da Orquestra Imperial. A letra dessa música de Noel Rosa é uma luz para nossos tempos de cinema 3D e cada vez mais espetacularização da arte das imagens em movimento.


O cinema falado é o grande culpado da transformação
Dessa gente que sente que um barracão prende mais que o xadrez
Lá no morro, seu eu fizer uma falseta
A Risoleta desiste logo do francês e do Inglês
A gíria que o nosso morro criou
Bem cedo a cidade aceitou e usou
Mais tarde o malandro deixou de sambar, dando pinote
Na gafieira dançar o Fox-Trote
Essa gente hoje em dia que tem a mania da exibição
Não entende que o samba não tem tradução no idioma francês
Tudo aquilo que o malandro pronuncia
Com voz macia é brasileiro, já passou de português
Amor lá no morro é amor pra chuchu
As rimas do samba não são I love you
E esse negócio de alô, alô boy e alô Johnny
Só pode ser conversa de telefone..


Dercy

Acabo de assistir um filme brasileiro delicioso que a bastante tempo estava na minha lista de filmes por ver, é "Nossa vida não cabe num Opala", dirigido por Reinaldo Pinheiro, baseado no texto de Mário Bortoloto. Não estou aqui pra contar a sinopse do filme e muito menos pra fazer crítica barata como costumo fazer, pra quem não assistiu apenas recomendo porque vale a pena. Além de ter excelentes referencias ao neon realismo paulista dos anos 80, com letreiros brilhantes já na primeira cena e a ótima presença de Paulo César Pereiro, o filme valeria a pena ser visto apenas por uma cena hilariante na última participação de Dercy Gonçalves, que adianto aqui.


Cinema Experimental - Vídeo Arte


A alguns meses tenho me interessado bastante por cinema experimental ou video arte, e tenho gostado mais a cada dia do que tenho conhecido. Produções caseiras e feitas de forma independente mais que possuem uma vitalidade que não ficou datada e que mostra os vários caminhos que a arte cinematográfica pode tomar. Como eu estava meio de saco cheio com o que eu assistia, resolvi pesquisar um pouco e acabei chegando a filmes muito interessantes que marcaram o audiovisual e que são desconhecidos do grande público. Fiz comentários breves sobre alguns destes filmes que abriram bastante a minha mente para pensamentos em relação ao poder do audiovisual e acho de extrema importância que eles cheguem até os jovens que pensam em fazer cinema.



A litle stabs as Hapinnes (1960) - Ken Jacobs

Clássico do cinema underground, este curta é totalmente transgressor e moderno. Produzido em 1963, o filme foi classificado por Ken Jacobs como um ultraje fragmentário da câmera como forma de desenvolver a inocência selvagem das coisas. Cenas marcantes que incluem até um cara fazendo sexo oral em uma boneca, na curiosa interpretação do diretor Jack Smith. Ken Jacobs foi o parceiro de Jack Smith em posteriores produções que marcariam o cinema experimental americano, como o misto de ficção e pornô "Flaming Creatures", um clássico da transgressão.

Eu consegui baixar esse filme pelo site ubuweb, um fórum internacional de discussão sobre cinema experimental, onde eles disponibilizam para download alguns filmes. Segue o link:




Fireworks (1947) - Kenneth Anger

Clássico de Kenneth Anger, este é o primeiro filme do diretor realizado em 1947. Além de ser uma bela provocação onde o diretor explora uma estética homoerótia de forma bastante inovadora, o filme, usa e abusa do imaginário masculino com homens fardados, marinheiros a beira do cais, ambiente onde as tensões sexuais são elevadas ao máximo, corpos e músculos, imagens sensuais e provocadoras. Em uma das cenas mais interessantes do filme, um pênis explode como se fosse uma banana de dinamite. O que mais me impressiona neste filme é ver como ele é audacioso, principalmente por tratar de temas que envolvem sexualidade e homossexualidade na década de 40, além de ser um filme estéticamente bastante interessante.